Arbitragem e energia elétrica no Brasil

Authors

DOI:

https://doi.org/10.52028/rbadr.v6.i11.ART04.BR

Keywords:

Energia, Indústria elétrica, Transição energética, Disrupção tecnológica, Geração, Transmissão, Distribuição, Comercialização de energia, Arbitragem

Abstract

A indústria elétrica abrange os segmentos de geração, transmissão e distribuição de energia, caracterizados por investimentos intensivos em infraestrutura, e a comercialização de energia. Eventos ligados à transição energética e inserção de tecnologias disruptivas têm alterado o panorama do setor, exigindo flexibilidade do sistema e maior proatividade regulatória; além disso, demandam mudanças estruturais, operacionais e mercadológicas. Há um cenário de ruptura no setor, tanto em termos de governança quanto em termos operacionais, mercadológicos e jurídicos. Nos anos 2000, a introdução de áreas de competição na indústria elétrica foi o primeiro passo para a inserção da arbitragem, impulsionado pelas reformas regulatórias e em resposta à crise energética do país, o que também culminou na primeira arbitragem no setor elétrico brasileiro envolvendo a Administração Pública. Atualmente, a Lei nº 10.848/2004 torna obrigatório o uso da arbitragem em contratos de comercialização de energia geridos pela CCEE. A arbitragem também encontra espaço em outras formas de negociação de energia, como contratos de mini e microgeração distribuída e derivativos de energia. O contexto de modernização, aumento da produção de energia renovável e abertura do mercado cria oportunidades para a expansão da arbitragem. Também há potencial para maior desenvolvimento nas relações habilitadoras da exploração de atividades da indústria elétrica intensivas em capital. O texto traz dados sobre o estado da arte desses contratos no setor elétrico brasileiro, indicando em que hipóteses a arbitragem poderia contribuir para o aprimoramento da governança no setor.

Author Biography

Barbara Bianca Sena, PUC Minas

Procuradora Federal, em exercício na Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) há 13 anos. Mestre em Administração Pública pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Pós-Graduada em Direito Público com ênfase em Direito Regulatório pela Universidade de Brasília (UnB). Possui curso de aperfeiçoamento em Economia da Eletricidade e Novas Tendências de Mercado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Professora da Pós-Graduação em Direito de Energia pela PUC Minas.

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Published

2024-07-11

Issue

Section

Artigos